Teias urdidas com nuvens
É uma pena que o transporte público de São Paulo seja tão caótico, pois não há nada como poder refletir descompromissadamente sobre qualquer assunto durante o percurso para o trabalho. Recentemente adquiri o direito de utilizar ônibus – é… meu carro foi furtado – e me vi obrigado a vivenciar o “melhor” que o trânsito pode oferecer (ok, eu tinha seguro e no momento atual nunca conseguiria vender tão bem o carro, e ele já tinha passado da hora de ser trocado mesmo, então isso nem chega a ser uma reclamação legítima).
O fato é que tenho refletido nas últimas semanas sobre a quantidade de novidades que tivemos esse ano, e entre uma parada e outra um estalo me veio na cabeça:
– É isso, 2009 será o ano onde o paradigma realmente pode ser quebrado em sua totalidade!
Explico-me. Há muito tempo que temos (quando digo “temos” refiro-me aos profissionais de TI) a certeza de que a Web possui um potencial inexplorado, mesmo com sua absurda evolução, uma sensação de subutilização sempre permeou meus pensamentos. Se olharmos a estratégia da Microsoft com bastante atenção podemos observar vários movimentos interessantes. Destaco a seguir o que pude observar para chegar a conclusão da quebra de paradigma, dividida em três frentes.
Para usuários em geral
A Microsoft vem paulatinamente estimulando os usuários a utilizarem os serviços “Live”, o novo formato do Windows Live traz novidades bem interessantes, concentrou alguns serviços e criou um conceito mais consistente de rede social. É possível organizar no seu perfil todas as suas preferências de livros, DVD’s, filmes, além de compartilhar arquivos pelo SkyDrive que foi um dos serviços agrupados dentro do Windows Live – até o momento o total é de 25GB para armazenamento no SkyDrive, aliás, que nome sugestivo, não? 😉 Existe um espaço para publicar as suas “informações sociais” com seus interesses e pessoas de relacionamento. O Windows Live oferece diversas ferramentas gratuitas para mensagens instantâneas, email, fotos, filmes, navegação na Web e blogs.
Talvez a mais importante novidade para end-users em 2009 é o possível lançamento do Microsoft Office para Web. Pensem comigo, o Office já teve todo o seu conceito de usabilidade alterado drasticamente na versão 2007, aliás, um conceito totalmente portável para Web. O padrão de documentos Open XML é simplesmente perfeito para uso na Internet: facilmente integrável com outros sistemas, é um padrão aberto e permite interoperabilidade.
Para profissionais de TI
Os desenvolvedores, através do Live Services, dispõem de diversas tecnologias e ferramentas para criação de aplicações ricas para a Internet. Escrevei um post sobre o Silverlight Streaming, onde mostrei o Deep Zoom Composer. No meu post sobre Photosynth, que faz parte do Live Labs, é possível ver o potencial desta tecnologia e imaginar diversas aplicações para a web, principalmente em usabilidade (mais um desafio para arquitetos da informação).
O Live Services SDK disponibiliza, atualmente, as seguintes opções:
- Live Framework SDK
- Live Services User Data APIs
- Microsoft Virtual Earth SDK
- Live Search API
- Live Services Communications and Messaging APIs
- Windows Live ID SDK
- Microsoft Advertising APIs
- Silverlight Streaming SDK
- Windows Live Agents SDK
- Windows Live Admin Center SDK
- Windows Live Tools for Visual Studio Controls
- Windows Live Spaces SDK
- Windows Live Client Extensibility APIs
Coloquei no SkyDrive para download o diagrama do Live Framework SDK:
O diagrama ao lado mostra a plataforma do Live Services. Escrevei recentemente um post sobre o Live Mesh que, mesmo na versão beta, oferece uma ferramenta para sincronizar informações entre diversos dispositivos (incluindo Mac) bem interessante. Ainda no Live Services você encontra a Mashups Library, uma biblioteca para construção de mashups, combinando dados e conteúdo de diversas aplicações em uma só.
O SQL Services foi o primeiro produto que me chamou atenção, pois acredito que terá uma aceitação muito rápida aqui no Brasil, ele disponibiliza um conjunto de capabilities do SQL Server baseados em nuvens. Alguns dos destaques do SQL Data Services:
- Interface baseada em padrões, como SOAP e REST
- Modelo flexível de dados, sem necessidade de esquema
- Modelo de Serviço – pague de acordo com seu crescimento
- SLAs de negócios
- Geo-replicção e consistência transacional de dados
O SQL Services SDK disponibiliza as ferramentas necessárias para desenvolvimento.
Seguindo a linha de ferramentas baseadas em nuvem o .Net Services disponibiliza funcionalidades para as seguintes áreas:
Além do SDK para .NET ainda é possível obter os SDK’s para Java e Ruby. Wow! As ferramentas para o Visual Studio permitem a simulação do ambiente hosteado localmente.
Para as empresas
Finalmente, o Windows Azure consolida a grandiosa estratégia da Microsoft, disponibilizando plataformas como serviço na Internet, as famosas “nuvens”. Escrevei um pequeno post sobre Azure, indicando um caminho para iniciar os estudos desta nova plataforma.
A minha grande dúvida é se os preços de contratação do Azure serão realmente atrativos, por isso acredito que o SQL Services será o serviço de aceitação mais imediata, até mesmo pela quebra de paradigma que esta plataforma requer. O desenho a seguir ilustra o Azure com todos os seus componentes atuais:
Fonte:http://www.microsoft.com/azure/howdoesitwork.mspx
Acredito que a absorção destes conceitos levará um certo tempo, por isso as comunidades de TI serão muito importantes em 2009 na disseminação e, principalmente, para amadurecer o conhecimento. Tratarei em posts futuros as tecnologias abordas aqui, e espero contribuir com minha visão sobre essa iminente realidade. Convido todos a participarem comigo desta jornada (ou poderia dizer, oportunamente, desta viagem?).
Viva o trânsito!