Pseudo-sinestesia com AutoPan
A primeira vez que tive conhecimento sobre o que era a sinestesia foi num livro do neurologista Oliver Sacks. Um sinestésico tem a capacidade de relacionar planos sensoriais distintos. Lembro-me de uma vez que assisti em um canal da Discovery (Discovery-qualquer-coisa) que uma flautista chamada Elisabeth Sulston tinha um tipo extremo de sinestesia, pois associava música com cores e paladar ao mesmo tempo. Mais ou menos assim: Sexta menor tinha gosto de creme, Segunda maior era amargo (quem gosta de segunda-feira, né? … É piada sem graça, foi mal), Terça menor tinha gosto salgado para ela. Bacana, não?
Comecei a pesquisar mais sobre a flautista, e descobri que certas notas, por exemplo as notas dissonantes, causavam um gosto extremamente desagradável nela. Aí já comecei a achar que ser um sinestésico devia ser um inferno, imagina só seu eu não pudesse ouvir mais Sonic Youth porque o som é dissonante? Eu estaria perdido… Ouvir minhas antigas bandas de death metal então nem pensar! Coincidentemente (ou não) apareceu recentemente no Fantástico uma sinestésica brasileira que sentia gosto de sardinha frita quando ouvia a música “Festa no Apê” do Latino (hahahahaha, me desculpem, mas gosto de sardinha frita é de lascar, hahahahahha, afe!).
O que você acha? Sinestesia é uma coisa legal? Se você disse que sim, proponho uma experiência. Há algum tempo atrás eu fiz uma música com a guitarra ligada no meu note com a ajuda de um software chamado InTone, basicamente uma coleção de filtros VST. A idéia era fazer uma música bem atormentada e psicodélica. Mostrei-a a um amigo que teve sensações, como podemos dizer, desagradáveis com a música. E não foi por descaso, ele insistiu outra vez e sentiu até um gosto azedo na boca (segundo ele, ficou um pouco “mareado”).
O pequeno player minimalista abaixo é capaz de reproduzir a música (a gravação foi feita de uma vez, sem overdubs, tudo improvisado), recomendo ouvir com fones de ouvido, assim o efeito fica mais evidente. Ah, a música tem aproximadamente 7 minutos.
(sim, o botão acima é o menor player já construído, tem o que precisa apenas, um play e um stop, perfeito!)
A grande sacada para o som foi o pedal ao lado, o Auto Pan da Audiffex, capaz de alterar a distribuição dos sons nos canais (esquerdo e direito), causando desconforto em ouvidos poucos treinados e possivelmente foi o que deixou o meu amigo mareado diante do nauseabundo som.
A música recebeu o nome de “Eu vi Genésio!” em homenagem a uma piada muito bem contada pelo José Vasconcellos, grande humorista.
Sei lá, acho que eu não gostaria de ser sinestésico, eu escuto uma variedade tão grande de estilos musicais que eu acabaria enlouquecendo vendo cores ou sentindo sabores em tudo. E olha que eu gosto de provar comidas diferentes e sou daltônico, hein? Êee, vidinha miserável…