Architect’s roles (parte 3): Um pé no “as is” e outro no “to be”
Uma das grandes virtudes do arquiteto de TI é conseguir controlar a dissonância entre o agora e sua visão de futuro. Esses dois “momentos”, por assim dizer, devem ser levados em consideração em qualquer decisão relacionada a arquitetura. Chamamos a visão do agora de “as is” e a visão de futuro de “to be” (ou ainda “AS-IS” e “TO-BE”).
Isso posto, espera-se que o arquiteto, a todo momento, compreenda a execução e estado da arquitetura em termos de “AS-IS” e “TO-BE”. Dessa forma será possível:
- Compreender o cenário atual contra a visão pretendida;
- Garantir que a execução esteja alinhada com a estratégia;
- Avaliar qual o melhor caminho a seguir à partir do “AS-IS” para chegar no “TO-BE”;
- Exercitar as possibilidades de implementação com base em arquiteturas de referência;
- Averiguar se a visão de “TO-BE” continua válida ou precisa ser revista (arquitetura emergente)
Invariavelmente, as visões de “AS-IS” e “TO-BE” são correlatas com a percepção do que é estratégico ou tático.
Estratégico ou tático?
Para responder essa pergunta com mais profundidade, vamos antes entender o conceito de cada item.
Objetivos estratégicos são os objetivos globais e amplos da organização, definidos no longo prazo, isto é, entre dois a cinco ou mais anos pela frente. Ex.: aumento do retorno sobre o investimento organizacional.
Além desse, temos os chamados objetivos táticos.
Objetivos táticos são os de médio prazo e que abrangem cada unidade específica da organização. São geralmente objetivos divisionais ou departamentais relacionados com as áreas de produção, finanças, marketing e de recursos humanos da organização.
Ex.: Incentivar a responsabilidade social.
E para finalizar, temos ainda os objetivos operacionais.
Objetivos operacionais são os específicos e de curto prazo voltados para a execução das operações cotidianas da organização referem-se geralmente a cada tarefa ou operação especificamente.
Ex.: Admitir dez pessoas deficientes ao ano e incentivar o consumo consciente.
Fonte:
http://www.cidademarketing.com.br/2009/ar/33/objetivos-estratgicos-tticos-e-operacionais-.html
Distinguir ações e objetivos estratégicos dos táticos advém da necessidade de termos previsibilidade, controle e referência(s). Como alinhar a execução com a estratégia se não sabemos qual é a estratégia, não é verdade?
Colocando em termos mais práticos, imagine um cenário de fusão entre duas empresas. Certamente alguns sistemas serão absorvidos, outros substituídos, possivelmente podem surgir novos sistemas. O time de arquitetura, certamente, terá um grande desafio em mãos. A coisa ficará sensivelmente complexa se adicionarmos às preocupações dos arquitetos questões como:
- Quais processos de negócio serão afetados dentro da (nova) empresa após a fusão?
- Quais serão os novos padrões tecnológicos adotados?
- Como lidar com o turn-over de pessoas de forma a preservar a continuidade do negócio?
- Como ficará o portfólio de serviços da empresa?
- Como os atuais contratos com fornecedores serão afetados?
- Qual o impacto geral sobre a governança de TI?
- Quais tipos de interoperabilidades serão necessárias?
Você consegue perceber como o pensamento do que é estratégico/tático permeia múltiplos níveis? Note que nenhuma das questões acima considera apenas o viés técnico.
Vamos observar, dentro do cenário citado, como ficaria a distinção entre o que é estratégico/tático para cada tipo de arquiteto (papel ou cargo, não importa). Claro, o que veremos a seguir é apenas a ponta do iceberg. 😉
Para o arquiteto corporativo (papel ou cargo)
Um arquiteto corporativo pode iniciar sua definição de “AS-IS” e “TO-BE” observando como os seus building blocks serão afetados.
Building block para o TOGAF:
É qualquer potencial reusável dentro da organização, podendo ser um sistema, um processo de negócio, ativos ou até mesmo pessoas. Além disso deve ser substituível e bem especificado. Pode ser visto como um pacote de funcionalidade definida para atender às necessidades do negócio em toda a organização. Um building block pode interoperar com outros, com ou sem relações de interdependência.
Uma arquitetura é, portanto, um conjunto de building blocks retratado em um modelo e uma especificação de como esses blocos estão conectados para satisfazer os requisitos gerais do negócio.
O rabisco abaixo ilustra (de maneira minimalista, evidentemente) a diferença entre a visão de “AS-IS” e “TO-BE” no exemplo da fusão entre empresas. Note que dentro das preocupações do arquiteto corporativo, estão, além dos sistemas, os processos de negócio.
Para o arquiteto de soluções (papel ou cargo)
Alinhado com o arquiteto corporativo, o arquiteto de soluções se preocupará em “dar a melhor solução” para as integrações entre os sistemas.
“Que tipo de tecnologias serão elencadas para resolver as integrações?” ou “Como prover a estrutura necessária para o novo portfólio de serviços?”: Essas são perguntas comuns a esse papel/cargo.
Para o arquiteto de software (papel ou cargo)
Uma vez definida a solução – que estará alinhada com as definições “empresariais” – o arquiteto de software implementará os componentes, frameworks e outros itens necessários para a materialização da arquitetura.
Resumidamente, era isso!
Embora sejam parcos, os exemplos acima ilustram a importância do “AS-IS” e “TO-BE” para composição de modelos de arquitetura. Essa abordagem é tipicamente utilizada para estudos iniciais de viabilidade de implementação de uma determinada arquitetura, além de servir para realização do architecture continuum. Mas isso, é história para outro post. 😉
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